Mariposa, apontada como causa de surto de coceira em PE, existe em todo o Brasil
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Mariposa Hylesia — Foto: Specht et al. 2006
G1 PE
A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) emitiu uma nota técnica esclarecendo que o surto de lesões que causam coceira em Pernambuco foi causado por uma mariposa. O inseto, do gênero Hylesia, tem cerdas espalhadas pelo corpo, que se desprendem durante o voo e ao colidirem com lâmpadas e outros objetos.
A mariposa Hylesia pode ser encontrada em diversos locais do mundo e é bastante comum em todo o continente americano.
De acordo com o professor Vidal Haddad Junior, surtos de dermatites causados por esses insetos, apesar de não serem tão comuns, estão longe de serem raros.
"Ela é comum na América toda. Às vezes dá surto na Venezuela. Em 2006, descrevi um caso em que havia uma infestação dessa mariposa dentro de um navio que chegou à Bahia. Os trabalhadores estavam todos arrebentados, porque, no meio do mar, elas não tinham para onde voar", afirmou o professor.
O caso ao qual Vidal Haddad Junior chegou a ser notificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e foi descrito em um artigo científico. Havia 22 tripulantes no navio, que tinha bandeira filipina. Todos eles foram afetados por dermatites.
Segundo o Vidal Haddad Junior, não há motivos específicos para o aparecimento de surtos como o que atingiu pacientes de ao menos 21 cidades de Pernambuco e outras regiões do país em anos anteriores. Isso porque essa mariposa está presente em todo o território brasileiro e, mesmo assim, os casos são incomuns.
Justamente por surtos desses casos serem incomuns, há dificuldade dos serviços de saúde os relacionarem à presença das mariposas.
"Isso acontece esporadicamente, na época da reprodução dessas mariposas. Isso pode ou não acontecer em qualquer lugar do Brasil. Além disso, esse período de reprodução dura muito tempo. Mas o que pode acontecer é de o contato com as cerdas ocorrer muito tempo depois. Por exemplo, se uma delas pousa na cama, mesmo depois de ter voado, se você deita lá em cima, rola o corpo, vai ter contato com os pelinhos", declarou Vidal Haddad Junior.
Um artigo publicado na revista internacional Parasite Journal afirma que "as densidades das mariposas mostram grandes variações sazonais e anuais, dependendo de mecanismos na sua maioria desconhecidos". Por isso, não é possível prever ou mesmo entender o porquê de um surto ocorrer em determinado local e época.









